sábado, maio 17, 2008

Capítulo 31: Da Carência ou o momento certo para James Sawyer

Conversando com um amigo que terminara de ler "Risíveis Amores", de Milan Kundera, ele diz, brincando:
"agora eu quero ser assim, sair com mulheres de dinheiro e pegar todo dinheiro delas, como o Sawyer de Lost!"
No livro do Kundera, há um personagem que vive de dar golpes em mulheres também. Se estou certa, li esse livro há muito tempo... era uma adolescente metida a intelectual - não devo ter entendido metade dos livros do Kundera, mas aprendi sobre a invasão russa à Praga em "A Insustentável Leveza do Ser"...

Era uma assunto que eu já estava pensando, não só nos caras que dão uma de Sawyer, mas nos que se aproveitam - de alguma forma - da carência feminina.
Nós mulheres somos seres carentes, eu sou e muito!
Então, eu sei por experiência própria como funcionamos: adoramos ser lembradas, receber carinho, ter algo que "motive", se isso não acontece, desanimamos, nos perdemos. Algumas são fortes o suficiente para se manterem com a cabeça fria, mas são raras, eu mesma cheguei a pensar que fosse dessas, até descobrir que quanto mais me afastava dos homens, mais ficava carente e com vontade de estar com eles...
Que meu lado Miranda era uma farsa, como a própria Miranda: que não dava o braço a torcer que amava o Steve...

Lembro de um texto de uma revista que vem com um jornal de domingo sobre mulheres aqui dessa megalópole que vão para lugares "paradisíacos" no Nordeste, principalmente, e se apaixonavam pelos ditos "nativos" da região e reclamavam como os homens da cidade era sem carinho e sem romance, havia até mulheres de outros países que eram bem resolvidas no trabalho em seus países e largaram tudo só pra viver "o amor numa cabana", parecia algo muito louco e irracional para mim.
Meu lado "não dar o braço a torcer e ser racional" queria falar sempre mais alto, um fingimento, talvez.
E eu ia ficando ali, com medo dos homens e que eles me magoassem, tinha colecionado algumas mágoas e tinha desistido de pensar nisso, queria não sofrer, ficar distante era o melhor caminho, tornar-me transparente: era o meu desejo! Que nenhum homem percebesse nada em mim... nem perceber que eu existia.
Só que nem sempre você consegue isso...
Muitas vezes a carência te pega e você fala que não vai mais aguentar... não sabe como está se aguentando sozinha...
Nessa hora pode aparecer alguém legal, como pode aparecer o inevitável "Sawyer" (ainda se fossem tão bonitos e sedutores rss). Nem sempre ele quer roubar seu dinheiro, (nem sempre você tem dinheiro rss), muitas vezes você é apenas um "prêmio". Qual homem não gosta do conquistar? Isso é até uma questão antropológica, dizem... como diria Seinfeld: "women nest and men hunt".
Homens gostam de se mostrar conquistadores aos outros,como em alguns casos (ou será em todos?) isso apenas seja um modo de se afirmar como "macho", é mais fácil usar do seu bom conhecimento sobre as mulheres (porque há homens que sabem muito bem do que uma mulher precisa e quer, isso é fato!) e ganhar todas para se mostrar o maioral do que só precisar mostrar isso a quem amam.
Essa tal afirmação pode fazer com que ele magoe várias e várias por esse caminho, mas isso também não quer dizer que magoe a nós por que amamos demais, muitas vezes até temos uma desconfiança lá no fundo de que não somos a mulher da vida deles, mas a carência não nos deixa ver isso - e muitas vezes nem queremos mesmo, está tão bom assim, porque "inventar história"? - e vamos seguindo, iludidas, mas satisfeitas com o carinho que recebemos, mesmo que isso seja apenas um técnica, era daquele carinho, daquela palavra, daquele afago que precisávamos naquele momento...
A carência, quando fala alto, nos torna presas numa teia que não queremos nos desvencilhar, queremos sim, ser presas desses "homens aranha", porque todo esse "time" que eles têm e demonstram, muitas vezes, é algo que nunca tínhamos vivido antes e, nem sabemos se vamos viver outra vez.
Nem todos os homens têm esse "time", esse "feeling", o problema é eles nunca perceberem que mulheres sentem falta dessas coisas e tentarem conversar com a mulher que amam para saber o que é preciso para que nenhum Sawyer atravesse o caminho dos dois... ter esse conhecimento não é algo fechado para poucos. É uma questão de vivência e de procurar entender melhor a mulher que está ao seu lado.