quarta-feira, outubro 27, 2010

Primeira História Londrina

Para quem ainda não sabe, estou em Londres, há dois meses, e ando prestando atenção em como as pessoas vivem por aqui.

Meu primeiro contato foi num bairro distante do centro um lugar delicioso de se morar e... ter filhos!
Porque a grande maioria das mulheres por lá são donas de casa... engraçado... a gente pensa que vai chegar numa cidade como Londres e só ver mulher executiva... e o que eu mais vi nesse bairro foram mães e filhos...

A grande maioria das mulheres anda pra cima e pra baixo com seus carrinhos de bebê, alguns eu apelidei de "beliche" pq tem dois andares, pra duas crianças.

Sempre pensei que a Europa toda estivesse querendo ter menos filhos, mas vi que os ingleses não. O interessante é que a maioria quer ter filhos e não apenas um.

Percebi também que a maioria das mulheres parece bem nesse papel de mãe, parece que não estão tão preocupadas com a carreira que deixaram... talvez estejam numa de "desperate housewifes" quem sabe?

Conheci uma brasileira com filhos pequenos aqui, ela me disse que as mães das outras crianças não são muito amigas dela porque ela, como brasileira, é expansiva, e eles preferem pessoas fechadonas, como eles. E que existe um coisa meio infantil entre elas, querem fazer amizade com a mãe mais legal.
Sabe a mãe popular? parece que isso não muda...
A brasileira me contou que percebe quando uma quer ser amiga da outra, o problema é que nem sempre as crianças querem ser amigas dos filhos das mulheres que elas querem pra amigas... uma coisa meio maluca... coisa de quem parece não saiu da adolescência...
Com isso, percebi que elas têm que inventar algo nesse dia a dia dedicado aos filhos... algo próximo à idade deles...

Vendo os casais, também percebi que nem tudo são flores, apesar de ver muitos homens passeando com os filhos e perceber que eles cuidam mesmo das crianças, na maioria das vezes.
Nem tudo são flores principalmente pra muitas brasileiras que casam com estrangeiros, não só com ingleses, mas homens de outras culturas.
Essa brasileira é casada com um iraniano, criado numa cultura totalmente machista e ela me pareceu muito, muito sozinha, apesar do marido.

Não tenho certeza, mas pela nossa conversa, ela tem a mesma idade que eu, chegou cedo aqui, estudou bastante, fez até faculdade, mas se casou, teve filhos e virou dona de casa. E realmente parece tudo que ela não queria...
Ela demonstra muito querer um trabalho, porque é uma pessoa muito comunicativa, gosta de lidar com gente, não aguenta mais ficar em casa o dia todo. E aqui é cada um na sua casa e nem param para bater um papo com a vizinha.

Ela me convidou, sem o marido saber, para trabalhar como babysitter para ela, mas ela não poderia me pagar muito e não pude aceitar, era realmente muuuuito pouco, mas era o que ela conseguia do marido.
Ela me falava que seria tão bom se eu mudasse lá, porque depois do jantar, poderíamos bater papo enquanto lavávamos a louça e assistir filmes...

... daí eu pensei: e o marido? Não deveria ser ele a fazer esse papel?

Engraçado que era só eu falar que a casa onde morava o casal tinha problemas pra ela falar "quem não tem" e outra brasileira que encontrei falou o mesmo... engraçado... e o felizes para sempre?
Não, eu sei... não dá pra ser tudo um mar de rosas sempre, mas só vejo gente junta com problema...

Essa brasileira parecia muito próxima da depressão... acho que faltava carinho do marido e que ele tentasse ver que mora num lugar onde a mulher não é escrava do homem.
Ela contou que ele diz "quem sustenta a casa sou eu, eu falo o que deve ser feito, o dinheiro é meu, eu que trabalho, quem põe dinheiro aqui sou eu". Ela dizendo que não tem vergonha nenhuma de pegar roupa usava pras crianças pra economizar dinheiro e ele não vê nada disso...

Percebi que ela estava num estágio de perder a paciência com as crianças (um de 4 e outra de quase 2), porque ela não estava aguentando a monotonia do lar, queria ser livre, queria poder fazer o que quisesse, queria criar os filhos de forma diferente.

Para mim, a solução no caso dela seria voltar ao Brasil: ela tem certificados de inglês, poderia dar aulas fácil depois de 14 anos de Londres, a mãe poderia olhar os filhos, teria família pra conversar, teria amigos.
Quanto ao marido, não sei se ela tem em algum lugar.... e isso é muito triste... me parece tão frustrante...
E fico imaginando, poderia ser eu...