sexta-feira, janeiro 27, 2012

Amor ou Passaporte?

Já estou de volta ao Brasil.

Agora vou contar de uma outra coisa muito corriqueira entre, principalmente brasileirAs em Londres.
Não sei se já contei aqui que a maioria dos brasileiros por lá são ilegais e essas pessoas tentam de qualquer forma se tornarem legais para continuar tranquilamente na terra da Rainha Beth.

O caminho que para a maioria parece ser o mais fácil é o casamento. Casar com um inglês ou "comunidade europeia" e se tornar, assim, uma cidadã bem vinda na terra bretã.

Conheci algumas brasileiras casadas com ingleses.
Às vezes olhava pros caras e pensava: como um cara gato tá casado com essa tosca que nem sabe falar uma frase certa na língua dele?
Lembram do meu texto dos ingleses tímidos e desesperados?
Pois é!

Eles não só se desesperam como também são pessoas extremamente certinhas, se começa um relacionamento com a pessoa, ele mantém, não é como brasileiro que inventa um "tô ficando" um "tô de rolo" pra não assumir um compromisso.. ou até inventar o horroroso termo "namorido" (porque é horrível essa palavra, vai!) pra dizer que é um namoro sério, tão sério que é quase um casamento (que, em grande maioria não se concretiza).
A grande maioria dos ingleses vai honrar isso e, se ele, por desespero de estar só e na hora de casar (inglês tem isso) e você tá ali, se jogando em cima dele, é claro que ele vai gostar e manter.

O que eles, como sempre, não têm a malícia é de entender que a maioria das estrangeiras sem cidadania ou visto querem ficar numa boa pela Europa e sendo sustentadas.
E acreditam piamente que essas moças os amam.

A moça que contei que foi dar em cima do alemão, lembram? Depois disso, o alemão não deu as caras, e antes dele ela transava (sim, porque não era namoro, por favor!) com um croata que ela resolveu terminar, porque ele não tinha um passaporte "bom" para ela ficar por lá e ele era só segurança de uma boate.
Depois do alemão, tinha um polonês atrás dela e quando perguntaram para ela porque ela não dava uma chance por rapaz ela disse:

Eu não vim aqui para levar vida de filha da puta pra sempre! O meu trabalho de faxineira é temporário, porque eu não gastei dinheiro para vir até aqui e casar com um duro! Eu quero um cara que me banque, me sustente! Porque pinto por aí tá cheio: de todos os tamanhos, idades, cores e nacionalidades.

Romântico, não?
Pois é, o alemão era um prato cheio, só que ela burra, não entendeu que um alemão que mora em Notting Hill não é um pé rapado e, claro, eu não ia avisar isso pra ela...

Conheci muitas que falavam quase a mesma coisa, porque só estavam legalmente por conta do marido. Ouvi de duas a mesma frase: eu sempre gostei é de negão... acabei casando com esse aí nem sei o porquê... (não sabe MESMO?)
Uma delas era até esperta, falava bem o inglês, mora lá há uns sete anos e... adivinha quem arrumou um emprego na empresa de telecomunicações inglesa pra ela?
O branquelo! Um Ronnie Weasley, praticamente, que numa festa, disse para ela (ele até falava português por causa dela): ah, eu estou parecendo um vagabundo com essa roupa (na verdade, ele queria dizer mendigo) e ela: E O QUE VOCÊ ACHA QUE VOCÊ É? É UM VAGABUNDO MESMO! 
disse isso na frente de meio mundo... todo mundo ficou meio constrangido e mudou de conversa...
Ele fazia tudo, tudo, tudo que ela queria e ela aproveitava e o que podia falar mal dele, ela falava.
Não sei se o casamento vai continuar, quando saí de lá ela estava com o passaporte britânico.


Também soube do caso de uma família inglesa que ficou indignada com a brasileira que casou com o filho e fez exatamente isso: depois do passaporte britânico deu o pé na bunda dele.
Como disse, os ingleses são certinhos em sua maioria e não fazem isso só de fachada, casam porque gostaram mesmo da moça!


A amiga da minha última roommate, ela sempre contava sobre ela: veio pela Bélgica (para ficar menos descarado que ia ficar de vez em Londres) e começou, logo que chegou, desesperadamente, a procurar alguém com passaporte para casar.
A Roommate contou pra mim como quem conta algo do tipo "coitada da minha amiga! como sofreu! até encontrar o 'homem certo'".
Bem, ela saía todas as noites para os pubs para 'conhecer pessoas'.
Primeiro conheceu um inglês que chegou a ficar noivo dela, mas desistiu dela (por que será?).
O segundo, um brasileiro com passaporte VERDADEIRO italiano. Tiveram que vir ao Brasil para casar e depois iriam voltar pra Londres. O que o cara fez?
Pegou o dinheiro combinado com ela, chegou no Brasil e não casou, sumiu!
Daí encontrou um segundo inglês, separado, químico, ganhando bem, que acreditou em todo esse amor e, parece, que em breve ela ia poder dar entrada no passaporte dela.
Ela, esteticista, ganhou um salão de beleza, fora de Londres, dele.
Minha roommate me chamou para ajudá-las e ganhar um dinheiro na arrumação do salão.
Fui.
Ele anotava os recados da secretária eletrônica com os números das clientes que haviam ligado - em 6 ou 8 anos de Londres ela não conseguiam AINDA entender os números deixados na secretária.
Daí ela virou pra ele e falou: estou cansada, vou ali comer, que eu ainda não parei.
E ele: e eu vou ficar aqui?
Ela: ai, john doe (rsrs) eu tô cansada, preciso comer que não comi nada o dia inteiro, fica um pouquinho aí enquanto vou ali do lado comprar algo pra comer! Quem trabalha aqui?

Ele: e de quem é o dinheiro que está aqui?


Não sei se ele percebeu o negócio que havia feito... agora, ela tinha levado um dos filhos (adulto) para morar em Londres. Ele, o filho, foi pra Portugal, casou com uma portuguesa (a-ha! tal mãe...) e foi com ela pra Londres, já com um filho e grávida de mais um e ele queria ficar na casa da mãe.
O inglês parecia não entender.
E não entende mesmo, afinal, aos 16 anos, lá, você já pode ir cuidar da sua vida e não fazer um puxadinho em casa.

Depois disso não soube mais, porque ela era uma mandona arrogante e, antes que eu me estressasse mais com a mulher, desisti de ajudar no trabalho e olha que eu poderia vir a ganhar um emprego do tipo recepcionista...


Convivi também com outras já casadas há muitos anos, com filhos, que também tratavam o marido como capacho e falavam mal deles em português na cara deles, porque eles entendiam nada ou muito pouco.
A que comentei do "vagabundo" (uma KassabA, né? rs) um dia falou: ele entende, mas quando queremos falar coisas sem que ele entenda é só falar bem rápido! e ria com as amigas que começavam a falar correndo como loucas e riam muito!


Bem, é triste, são poucos os casais que realmente são casais em Londres - entre brasileiros e estrangeiros.
Entre os homens não sei como funciona porque não conheci muitos que eram casados com estrangeiras, mas ao que percebi, mesmo que nós, brasileiras, consideremos o cara o mais feio do mundo aqui, para elas inglesas, eles são lindos! Porque são uma "beleza exótica" para elas.
A maior parte de brasileiros que conheci eram casados com brasileiras - com visto europeu ehehehhe - e portuguesas. Ou senão, brasileiro que já casou falsamente com brasileira com passaporte e agora está com brasileira ilegal que espera que ele oficialize para ela deixar de ser ilegal - e o que tem coitada esperando e se matando de trabalhar pro cara.... vocês nem imaginam!


Não posso dizer ah, só brasileiro que faz isso, não é bem assim, eu sei, mas eu sei da comunidade que convive que são pessoas que nasceram no mesmo país que eu, mas que quando chegam aqui, no Brasil, gostam de dizer pra amigos e família: sou casada com europeu! ele me banca!
Bonito, né?
E daí tantas e tantas brasileiras se iludirem e irem pra Europa atrás desse "amor" e muitas se darem mal... acabarem sendo vítimas do tráfico de mulheres e...
onde mesmo foi parar o sonho?


Para algumas se realiza, se é que casar com alguém que você xinga a todo momento, mas te leva pra conhecer metade do mundo é felicidade.
Sim, porque eu penso: a consciência de um ser desses não pesa, não?
E sabe? eu tinha dó deles... mas... eles também poderiam parar de beber um pouco e tentarem ser mais desenibidos só um pouquinho, e espertos, claro!