segunda-feira, dezembro 01, 2008

Carrie no Divã ou Eu tenho que aprender num desses seriados de tv... 2

House, quarta temporada:
Pra não ter spoiler só vou dizer que é uma discussão do Wilson com a nova namorada dele - deixo o suspense de quem é ela pra quem ainda não viu essa temporada que deve ser uma das melhores do House!
Wilson e a namorada discutem sobre comprar um colchão novo que irão dividir, a moça gosta do mais duro, mas avisa a ele para ele comprar o que desejar... quando chegam em casa e ela se depara com o colchão que era o preferido dela, ela não gosta e Wilson diz: isso é pegadinha??? E ele diz comprou aquele porque a ama.
E ela: Comprou porque é o que você sempre faz. Com as suas ex-mulheres você fazia tudo que elas queriam, porque era mais fácil. E depois isso acabava virando ressentimento. Não se atreva a fazer isso comigo!
Wilson: O quê? cuidar de você?
ela: Você não me conhece? Eu sei cuidar de mim. Eu quero que você cuide de si mesmo!
E vai embora...

Quando ouvi esse diálogo me deu um estalo tão grande!
Foi como ouvir uma coisa que estava aqui dentro faz tempo... como se algo tivesse sido exteriorizado... não, não sou eu que sou assim...
Sinto falta do meu "penúltimo ex". Pois é, eu não sinto falta do último, Mr. Big, sinto falta do penúltimo!
Quem sabe toda a história fica chocado de me ler dizendo isso, mas é a mais pura verdade! Sinto falta dele, sim! Porque apesar de tudo de mal que aconteceu no final, as coisas boas balançam aqui: o carinho, a atenção, o afeto, as risadas, as longas conversas de horas todos os dias entre tantas outras coisas que me deixavam alegre. Ele realmente me dava atenção, coisa que não aconteceu da última vez, mas isso eu explico depois...
O diálogo acima me lembra muito ele porque ele agia assim: queria sempre agradar e nunca ser agradado. Eu fazia o mesmo que a namorada do Wilson, não aceitava ser só agradada, talvez por isso ele não conseguiu terminar comigo, ele não tinha nenhum ressentimento pra jogar na minha cara, foi mais fácil, pra ele, sumir. Ou ele iria dizer "eu não quero mais ficar com você porque você me dá apoio, tá sempre do meu lado, me dá carinho e atenção"? Lógico que não... se ele sempre "sabota" os relacionamentos quando percebe que podem ficar sérios, algo ele teria que fazer já que eu não faço a linha mandona e nem sei se realmente as coisas iam ficar sérias... eu só queria ficar mais perto, não mudar pra casa dele, pro quarto dele, pra cama dele, outra coisa que prezo muito é a privacidade, não pretendia de modo algum acabar com a dele.
Ter convivido a vida toda com um pai ditador faz com que eu odeie mandar nos outros ou dizer o que devem ou não fazer, apenas aconselho, não fico querendo um monte de coisas, obrigando ninguém a nada, fazendo chantagenzinhas, vivi e vivo tudo isso, sei como é estar do outro lado... e sei como é se sentir acoada, sem voz e sem espaço.
Daí, que ele prefere ficar sem voz para deixar ferver na panela de pressão e aí... explodir... comigo não pôde fazer isso... mas faz com as demais que ele escolhe a dedo pra poder ter motivos: ele faz tudo que elas querem, nunca mostra qual é sua vontade e fica guardando isso...pra depois ter uma boa desculpa para ser a vítima na história quando terminar - ou pelo menos ele acreditava nisso e já que escolhia
pessoas que gostam de mandar, nada mais fácil do que ser a vítima mesmo... e é aí que o outro diálogo casa tão bem com o resto:

A Sete Palmos, segunda temporada.
Claire conversa sobre seu namorado com o psicólogo da escola... Ela diz que ele (Gabe, seu namorado) precisa de alguém que o ajude a se entender na vida... e o psicólogo:

Gary: Well, it does matter. No one can ever solve someone's life.

Claire: So, basically, your job's totally pointless.

Gary: (smiles) No one but a guidance counselor, I mean.

É, foi o que pensei!
Pensei depois de muito pensar!!!
Porque quando ele terminou comigo e escolheu mais uma mandona pra ficar no meu lugar, ele sempre me procurava, queria a "Carrie psicóloga" com ele, só que aquilo estava me matando... usei uma metáfora, na época, de que eu estava segurando no abismo alguém que não queria ser salvo e por isso tive que soltar, eu estava indo junto. Afinal, ele fez a escolha dele e realmente, hoje a única coisa que consigo pensar é que no caso dele, só um especialista mesmo o ajudaria, isso se ele quisesse. Muitas vezes fico triste por ele, sinto falta dele, mas sei que não é possível justamente por isso: ele tem que se dar jeito e com a ajuda de algum
bom profissional (porque de mau tá cheio por aí e ano passado eu cai numa), eu fazia a diferença pra ele, como ele pensava tentando se aproximar de mim pra continuar o ajudando, até não esqueço algo que mexeu demais comigo, quando ele me disse que eu era a única pessoa que o compreendia perfeitamente... lembrar disso dói, porque eu o amava e ouvir aquilo me machucava porque, apesar de ele admitir isso, não queria ficar comigo, queria continuar se magoando, se ressentindo ad eternum... e eu não poderia entrar nesse círculo vicioso e continuar também me machucando, precisava, a qualquer custo, por mais que tenha me doído, sair disso... precisava respirar.
Apesar de tudo, ainda me preocupo com ele...
Talvez porque eu seja sempre assim, sempre me preocupo com as pessoas que passam pela minha vida...às vezes não queria me preocupar tanto com elas... fico pensando "por que eu tenho que ser legal e sempre aceitar os outros como eles são?
muitas vezes a própria pessoa não quer se aceitar! ou não me aceitam... me interpretam mal..."
Isso já tem a ver com o último, com Mr. Big.
Dessa vez é definitivo, não há volta, foi a segunda e última chance porque não sou minha versão novaiorquina e não vivo num mundo de glamour e fantasia para dar várias e infinitas chances...
Também me preocupava com ele, acho que todo mundo se preocupa quando se está com alguém, não tem como não se preocupar, se você gosta realmente da pessoa, quer o bem dela, que o melhor.
Dava todo meu apoio a ele, o acompanhava em todos os momentos que me eram possíveis, estava sempre ali, do lado, o apoiando, o animando, querendo sempre muito bem.
E parece que ele confundiu tudo... todo esse meu carinho, companheirismo, compreensão, pra ele, pareciam desespero...
Exatamente, pra ele, tudo que eu fiz era desespero para não ficar pra titia. Foram esses os termos que ele usou: você se apega a mim como se sem mim fosse ficar pra titia.
Bem, quando você ama alguém e está com essa pessoa você não costuma reparar em outras pessoas, costuma? Eu sou louca? Deveria flertar por aí se estava feliz? Não deveria ficar do lado dos momentos difícies de alguém que amava? Será que eu deveria também ser uma mandona e egoísta e dizer "você que se dane com seus problemas, ou você aparece aqui ou me esquece que a fila anda!"? Era isso que ele queria ouvir?
Se era, deveria ter me poupado tempo, trabalho e desgaste emocional.
Era só dizer "não tô mais a fim de você, guarda seu lado Madre Teresa pra outro!" e não dizer que pareço uma desesperada com medo de ficar pra tia... bem, se dar atenção, carinho, apoio virou desespero então eu estou agindo errado e realmente deveria ser a egoísta mandona... deve ser o que os homens querem: alguém que os despreze para eles guardarem mágoa para o resto da vida. Deve ser isso que os fazem felizes dentro de uma lógica masculina de "masoquismo amoroso". Talvez pra eles amor
só se concebe com dor, muita dor, muita insatisfação, muita mágoa e rancor e eu tenho feito papel de boba até hoje.
Sei que alguém para me dizer isso é porque se sente o último homem da face da terra, o último não com o sentido de melhor, mas o resto, o que sobrou e ninguém deve querer, só se estivesse desesperada.(é a lógica dele...)
O meu apoio enquanto ele estava hiper atarefado e enquanto eu recebia nada de carinho não contou... contou sim, como desesperada por ter me mantido do lado dele... me mantinha do lado dele pensando sempre que a vida atribulada dele era o que ele gostava e que os frutos iam fazer com que tivéssemos momentos muito bons juntos... mas ao invés de ser vista desse modo, fui vista apenas como um louca desesperada pra casar e que a idade está com seu big ben atormentando...
Se eu realmente estivesse desesperada, já teria me casado há anos!
Homem nunca faltou, afinal, desespero quer dizer que pode ser qualquer um e isso sempre apareceu...até aqueles mais asquerosos, mas se você está desesperada ele vira príncipe.
comigo não virou, não estou desesperada, só queria ser amada e compreendida e acima de tudo, queria que tivessem um pouco de RESPEITO comigo, o mesmo respeito que dediquei a essas figuras que agora ficarão por aqui "imortalizadas" nesse post - e nem mereciam.

Muita gente quando termina um relacionamento pensa "nunca pensei que ele agisse assim... o conhecia há tanto tempo...", é a gente sempre tem esperança... a gente sempre acha que as coisas vão mudar, mas nunca nós conhecemos mesmo uma pessoa, NUNCA. Mesmo que se passem 50 anos ao lado dela, você pode estar o tempo todo se enganando ou sendo mal interpretada... porque no final, você sabe, você conhecia sim aquela pessoa, só não queria acreditar. Ou, na verdade, faz como eu: aceita a pessoa com todos os defeitos dela, a compreende.
Só que ela não se aceita e também não faz nenhum esforço para lhe compreender...

Claire, só com um terapeuta mesmo...