terça-feira, setembro 27, 2016

Como faz?

Foi há quase uma década, a maior decepção amorosa que tive e eu ainda não consegui me reerguer.
Sim, o tempo passou e eu não consegui confiar em mais ninguém.

Não, eu tentei, logo em seguida a grande decepção eu resolvi dar uma guinada na minha vida e até agradeço por essa decepção por ter me tirado do lugar comum. Se não fosse ela eu não teria viajado metade do Brasil e nem fora. Eu teria ficado na minha vidinha romântica e reclamona de sempre, mas quando se leva O grande chute, ou as coisas vão pra pior ou vão pra melhor. Ou é uma coisa ou é outra, não tem meio termo. 

Mas mesmo sabendo que eu desbravei a vida a partir desse chute eu não consegui mais confiar em nenhum homem.
Tive um  relacionamento depois disso, mas ele era fadado ao fim desde o começo: não se sustentava, era frágil, muito frágil. No fundo eu sabia que não ia dar certo, mas eu tinha uma loucura, um desespero para que desse certo, mas as variáveis mostravam que não era bem assim... Confiava nessa pessoa porque já a conhecia e até por conhecer sabia, no fundo, que não ia longe.

Ter sofrido por 20 dias sem notícia da pessoa foi um tortura sem igual. Acho que até hoje o que me dá mais medo é imaginar que outra pessoa possa fazer o mesmo: me deixar sem saber o que aconteceu, sumir do mapa e me deixar pensando milhares de coisas erradas e sofrer como uma desgraçada por isso.
Depois a pessoa aparece só para "legalizar" o término da relação porque outra pessoa o pressiona a isso e não porque sabe que deve uma explicação.

Imaginar que se passavam horas e horas, noites e madrugadas conversando, cantando, declamando poemas de amor e no final, tudo era só ficção.
Trocar mensagens apaixonantes por celular, sonhar junto.
Sentir um amor gigante dentro de você e poder vivê-lo.
Até o cheiro do outro fazia sentido, era um perfume inconfundível que me fazia ficar mais e mais excitada. 
Não ter a mínima vergonha desde o primeiro momento de ficar nua.
Quando o corpo do outro parece fazer parte do seu, ser apenas uma continuação natural e plena.
Quando tudo faz sentido na sua vida e não se tem volta, não tem escapatória é esse o amor finalmente!

Finalmente?

Não,  como diz a música do Legião "que tudo era pra sempre/ sem saber que o pra sempre, sempre acaba" e acabou. Não por minha vontade, mas acabou e vivi o período de maior tristeza e sofrimento da minha vida. Porque pra mim eram só certezas.

Hoje convivo todos os dias com a incerteza, de uma olhada pro cara do lado e pensar: "ele vai me achar gorda" a um "com certeza ele é mais novo e vai me trair", sendo que o cara que causou todo esse problema era nove anos mais velho...
Não olho homem nenhum sem a desconfiança embutida em todos. Sem a certeza de que vai me largar e vai me fazer sofrer.
Não assisto nem a filmes de romance e nem comédia romântica, choro porque a vida não é igual.
 
Não estou feliz do jeito que estou, mas o medo é muito maior.
Conseguir confiar é um objetivo que não consigo alcançar, nem com ajuda de terapia.
E não sei se desabafando aqui fará alguma diferença, a verdade é que não sei como confiar novamente em alguém e poder seguir em frente e se não der certo, seguir também em frente sem desmoronar. 

Não quero nunca mais voltar pro lugar onde estive há quase 10 anos, só não sei como faço.

sábado, julho 23, 2016

OkCupid, um teste

Todo mundo sempre diz que os aplicativos e sites de encontro são o melhor jeito de achar alguém legal, que valha a pena...

Conheço uma moça que tentou e encontrou o amor da vida dela num desses sites, mais especificamente no OkCupid. Uma amiga tinha indicado a ela e dito que era o jeito de se encontrar alguém no mundo atual. Quando essa moça encontrou sua cara metade, também me disse que a irmã de sua metade da laranja também tinha achado o amor por lá, ou seja, além dela, outra duas mulheres encontraram o amor verdadeiro através do site.

Nunca entrei no Tinder, sou avessa a esses programas, mas me senti deprê e resolvi experimentar o OkCupid. Saí em menos de 24 horas do site.

Talvez eu não tenha controle emocional para me manter nesse tipo de site ou tenho muito azar. Explico.
Resolvi colocar no meu perfil que poderia ser alguém de qualquer parte do mundo, se com os outros poderia dar certo, por que não comigo?

Entrei. Dali há segundos começaram a conversar comigo e dar "favoritadas" na minha foto. Eu não sei o que acontece comigo, mas me senti acuada... me senti muito exposta, não sei...

Sei que dois caras começaram a falar comigo, um canadense e um americano de Dallas. O canadense parecia achar tudo lindo, tudo lindo o que dizia sem que eu tivesse dito grande coisa e queria falar comigo por outro meio que não fosse o chat do portal. O americano também, quis meu email. Outros me mandaram mensagens dizendo o quanto eu era especial, linda e deixavam o número do celular para eu entrar em contato... tudo muito estranho pra mim que nunca vi tanto homem em atrás de mim e chamando de linda em menos de 3 horas...

Bem, me lembro de uma balada nos anos 1990 na Vila Madalena, véspera de dia dos namorados em que os caras pareciam no cio para ficar com alguém... sim, estavam no desespero para não passar a véspera e o começo do dia dos namorados sozinhos... pensei que era só mulher que entrava nessa choradeira...

voltando...

O canadense começou a dizer que eu era perfeita para ele, que a filha dele precisava de uma mãe - ele disse ter tido uma filha sem ter casado e que a mãe da menina estava num rebah...
Eu dizia que não poderia ser assim, que precisávamos de mais tempo de convívio e tal, como assim eu era a nova mãe da filha dele?????
Que eu era perfeita, que eu tinha nascido pra ele ou qualquer coisa assim...
E eu só pensava... "Como assim eu sou perfeita, que nós fomos feitos um para o outro se eu acabei de falar com ele????"

Fiquei realmente sufocada e apavorada com esses caras... todos me achavam linda e a mulher perfeita. Só pensava se todos os caras ali falavam isso ou se eram todos tão carentes a ponto de achar que a primeira que os agradasse era a mulher certa...

Recebi depois um email do texano que falava que ele não procurava nem uma heartbreaker nem um passatempo, que era sério e eu respondi a ele que então eu não era a garota certa pra ele (como cansei de falar pro canadense que não largava do meu pé), que tinha acabado de entrar no site e não estava entendendo muito bem como funcionava porque eu precisava de um tempo pra conhecer direito a pessoa e não ser considerada o amor da vida dele em 5 minutos.
Ele me respondeu dizendo o quanto ele sentia falta de estar com alguém que não saía mais e via os casais juntos e achava tão legal se ele também tivesse alguém para ir ao cinema, como era quando ele foi casado, e que eu era a pessoa certa pra ele.

Não o respondi, assim como não respondi mais ao canadense, deletei meu perfil no portal como se estivesse fugindo por ter feito algo ruim... para mim foi uma coisa extremamente difícil, entrar no site, mais difícil ainda parecia se manter nele.
Talvez eu não esteja preparada para assumir nada com ninguém, talvez eu seja uma solteira invicta ou talvez eu só tenha percebido que existe gente mais carente que eu nesse mundo...
Os brasileiros foram mais discretos, só favoritavam, não entravam em conversa, não tenho como dizer se estão ali realmente para encontrar alguém pra compromisso longo ou por compromisso rápido.
Os gringos, pelo menos esses dois, me pareceram extremamente carentes, o texano chegou a dizer que era eu que faltava na vida dele para ser completa... como se alguém fizesse mudar tudo na vida do outro... eu aprendi que temos que ser felizes com nós mesmos, sozinhos, para depois ser felizes com os outros e não depender de ninguém e o que eu vi nessas pessoas foi exatamente o contrário, ou interpretei como o contrário...

O certo é que fiquei apavorada com tanta carência e eu que achava que era carente...

sábado, maio 14, 2016

Os meninos do ginásio

(Ginásio ou Ensino Fundamental II pra você, jovenzinho rs)


Ginásio, final dos anos de 1980, muitas calças jeans semi-bag (sim bag, não legging) dobradas no tornozelo, tênis AllStar (se você tivesse dinheiro) e camiseta da escola: o uniforme.

Calças lindas como as que a Kylie usava...  e eu, claro!










Bem, mas não é essa a questão...

Havia um garoto que eu achava bonito, nunca disse a ninguém que achava, não ia mesmo atrás dele, não ia falar nada pra ele. Ele não era da minha turma, ele era da turma um ano atrás da gente. Isso no ginásio, hoje chamamos de Ensino Fundamental II, fund 2.

Enquanto todas as meninas brigavam pelo "Ronnie" (imagine o nome em português no diminutivo, era esse mesmo!) que era da minha sala e tinha aquela franjinha do Ricky Martin:



                            (Ricky Martin, o segunda da esquerda - depois do Charlie, o de amarelo)


Eu o achava bonitinho, mas não ia correr atrás, tinha medo de correr atrás, na verdade e não pensava muito sobre o caso, eu só tinha 14 anos.

O caso é que eu também achava interessante outro menino que chegou a namorar com uma amiga minha da escola, eu morria de inveja porque ela não dava a mínima pra ele e ele me tratava como uma grande amiga. Lembro de uma vez que ele sentou na mesma cadeira que eu e ficamos fazendo a lição juntos... pra mim isso já era a glória! mas não passava disso, esse eu cheguei a encontrar quando fazia faculdade, encontrei no metrô e dei uma paquerada nele, mas não surtiu efeito. Afinal, eu dar uma paquerada em alguém é uma coisa tão sutil que duvido que ele tenha percebido e se percebeu, preferiu falar da namorada.

O outro garoto eu o ainda encontro pelo bairro às vezes e sempre acho muita coincidência tê-lo encontrado antes perto do meu cursinho, que era longe de onde moro; encontrei-o no metrô e até num shopping que não é nesta região, almoçando e com uma sacola da saraiva.

Fiquei imaginando o que teria sido se tivesse aberto o jogo com um deles, será que as coisas teriam sido diferentes? O primeiro eu acho que não se interessava mesmo por mim, o segundo eu acho que nem pensava ainda em meninas nessa época, era muito novinho e nem sei se quando eu passo por ele na rua, ele lembra dos tempos da escola e exatamente de mim no meio de tantas pessoas.
O engraçado é que parece que ele não se desenvolveu, talvez precisasse de uma academia e nem parece o tipo que está casado ou tem filhos - pode ser gay, quem sabe? Ou pode ser que até hoje não tenha encontrado a garota da vida dele, ou pior: não quer encontrar garota nenhuma.

O pior porque existe aquele cara que só quer passar o tempo com alguém, mas nunca "a vida toda", não sei se ele faz esse tipo, sei que o olho hoje e vejo uma pessoa triste até. Talvez alguém como eu. E o mais engraçado de tudo, até hoje não sei o seu nome. Nem dá pra olhar o Facebook rs