sábado, abril 25, 2015

Constelação Familiar, terapia

Participei de um tipo de terapia em grupo muito interessante. Chama-se Constelação Familiar.

Não parece ter nada a ver com o tema deste blog, não é?

Pois é, mas minha terapeuta pediu que eu fizesse porque seria bom para analisarmos mais coisas "incrustadas" em mim e poderia ajudar em nossas sessões.

Fui, mas primeiro precisava de um tema para ser exposto.

O tema foi o que anda recorrente aqui: não sair do lugar.

Fui à Constelação com esse tema, o terapeuta que o dirigia era um alemão super conceituado como Psiquiatra e Psicólogo e um dos nomes mais bem falados na área de constelação.

O trabalho consiste em juntar várias pessoas, cada um com seu tema. Alguns sendo consteladas como eu, outras só para assistirem as constelações e tomar coragem de fazer na próxima ou descobrir com elas algo sobre si próprio.
Eu constelei e participei das constelações de outras pessoas.

Voltando, reúnem-se pessoas num lugar próprio, antes de começarem as sessões, o terapeuta principal explica um pouco da teoria das constelações, como funciona, fazemos exercícios de relaxamento e de descobrimento sobre nós.

Depois cada um faz sua constelação: senta-se à frente com o terapeuta e ele perguntará o nosso tema. Como eu fiz, depois ele vai querer saber sobre a vida familiar, outras pessoas que podem estar envolvidas na minha vida do nascimento até ali. Questões anteriores ao meu nascimento, sobre meus pais e família e outras coisas que podem se relacionar.

Depois de contar tudo, praticamente sem chorar, um milagre, fez-se a minha constelação: as outras pessoas participam da seguinte forma: fazem os "papéis" das pessoas que entrarão na história para melhor ser entendida, ou seja, eu escolho alguém pra fazer o papel do meu, minha mãe, irmão, do meu medo, SIM, meu medo é figura central para eu não sair do lugar, eu onde eu pretenda chegar. E eu não sabia onde eu pretendo chegar, o que quero para o futuro. Afinal, estou aqui presa, né?

Você vê como as coisas funcionam ao seu redor vendo os outros fazendo os papéis das pessoas e das coisas que sente ou te prejudicam. Como participei também em outra, como mãe de uma mulher, a energia é muito forte (é, eles trabalham com bioenergética) e eu sentia o que a mãe daquela moça sentia e sentia raiva do homem que fazia o papel do meu marido... as coisas vão se encaixando de um jeito incrível...

Eu fiquei extremamente impressionada quando a moça que escolhi para ser eu sentia um calor louco, eu tenho sentido esse calor, ando suando mais do que é o meu normal, não tenho frio nenhum e parece ser a minha energia parada... me impressionou também a mulher que escolhi para minha mãe que sentia ânsia de vômito, como minha mãe quando teve infarto... a energia capta é extremamente forte e ficamos enlaçados com as histórias um dos outros...

Foi muito emocionante, chorei, revi coisas que não queria me lembrar, mas estavam guardadas comigo,,, o Frank, o terapeuta, sabe conduzir muito bem cada peça desse xadrez que temos na cabeça, guardado e sufocado...
O meu final foi diferente dos demais: todas as mulheres me abraçaram, pedido do Frank, pois o feminino foi muito afetado na minha vida, quase não tive um reflexo dele na vida para ser uma mulher por inteiro e o medo me corrói até hoje.
Foi de uma emoção incrível tantas mulheres abraçadas a mim, e me acalentando num balança, juntas, como uma mãe ninando seu bebê... um bebê que se sente abandonado e sem colo, começaram a cantar e me ninaram mesmo...
Agradeci a todos e fiquei imensamente grata pela carinho, um carinho que eu nunca imaginei que pudesse sentir ou me dar... engraçado pensar nisso: sempre quis dar mais carinho do que recebi e percebo assim o quanto realmente sou tão carente de um carinho.
Tanto que nem imaginava merecer.
Meu medo sempre me deixou à margem, à margem de receber carinho, de retribuir e assim, me retraí a vida inteira.

Saí de lá achando que nada se modificou, mas como disse minha terapeuta, eu não sentiria isso de cara, as coisas acontecem no nosso íntimo dependendo de cada pessoa e como eu sou bem fechada, não é tão simples.
Às vezes sinto que algo se modificou, como no momento que escrevo isso já percebo alguns insights... como eu ser um bebê abandonado, por exemplo.

O medo ainda é parte de mim e é ele quem faz eu não conseguir sair do lugar, sei que preciso sair do lugar, parar e seguir em frente, mas cadê a coragem?

Espero que ela apareça ou me mostre que se é para pensar nas mesmas coisas, que seja para fazer tudo diferente da próxima vez e, espero, acertar.